sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Aprendendo a ter empatia.



Empatia é ver a sí mesmo no outro. Imagem por ~angelofdarkness4


Durante as ultimas semanas estive correndo com trabalho e faculdade e somente agora parei para escrever no blog. O fato é que nesses últimos dias, só tenho pensado em um assunto: a falta de empatia das pessoas.
Para quem não conhece a definição de empatia: Significa se colocar no lugar do outro e perceber que nas dores e alegrias dele, existem muitas das nossas dores e alegrias também. É aprender a respeitar os outros e pensar nos privilégios que você tem que outros podem não desfrutar e vice-versa. Aquela coisa cunhada por Rimbaud “eu é um outro”.

Reconheci, por exemplo, que há um tempo atrás (coisa de 2 anos) me faltava muita dessa empatia. Principalmente porque eu nunca havia parado para pensar sobre o assunto. Isso se refletia em pequenas atitudes como o riso sobre certas situações (piadas que hoje vejo não terem graça nenhuma) e gestos cotidianos (julgar as pessoas sem conhecê-las e até julgar pessoas conhecidas por suas atitudes). Tudo mudou com o amadurecimento como ser humano e não nego que devo muito disso à faculdade e aos livros. Com o tempo, você aprende a olhar para as pessoas de um jeito diferente e, por isso, eu estou passando por uma fase de poucas palavras. Aprendi a ouvir mais do que falar.

Com isso, não pude deixar de notar essa falta de empatia nas pessoas também e me pergunto se elas são assim por que, como eu, nunca pararam para refletir sobre o assunto. Por exemplo, vez ou outra discuto com um menino da faculdade (que já não gostava antes por uma série de motivos que não convêm citar) por conta da falta de empatia dele em mascarar coisas como racismo, homofobia, misoginia em atitudes simples e se recusar a reconhecer isso, por mais que várias pessoas o digam o quanto esse comportamento é prejudicial e como o fato dele estar em uma posição de privilégio na sociedade (homem, branco, heterossexual) não significa que ele deva restringir que outras pessoas desfrutem deste privilégio ou descriminá-las por tal.

Outro dia destes, por exemplo, estava conversando com um colega que conheci recentemente e ele me confidenciou uma das muitas histórias de horror que vivenciou e que transcrevo aqui: Ao andar na rua, saindo de uma balada, foi abordado por um grupo de homens que o espancaram por ser homossexual. Quando ele procurou ajuda dos policiais que estavam à poucos metros do ocorrido, foi negligenciado e os policiais sequer se moveram para ajudá-lo. Chorando e dizendo aos policiais que não era marginal e sim marginalizado, foi ameaçado ser preso por desacato à autoridade. Caminhou sozinho até um hospital, onde descobriu que estava com hemorragia interna por conta da agressão e lá passou muitos dias internado contando apenas com si próprio. O desacato maior não foi a autoridade, foi pelas autoridades que não tiveram empatia para ajudar outro ser humano.

A falta de empatia está em grandes gestos como o citado acima, mas em pequenos outros gestos do cotidiano. E fica a pergunta: por que não conseguimos simplesmente olhar para outros humanos como se eles fossem parte de nós? O que motiva tanta falta de empatia? Os motivos reais eu ainda não descobri, mas isso de fato se trata de uma construção social. E só cabe a nós tentar resolver o problema, por que se não podemos mudar o mundo tão rápido, só resta mudar a nós mesmos com as nossas atitudes.